Enquanto a maioria dos países mede o Produto Interno Bruto (PIB), o Butão mede o Felicidade Interna Bruta (FIB) que considera múltiplos fatores de felicidade baseado na qualidade de vida das pessoas.
Este índice foi baseado na Filosofia Budista e reflete muito bem a real busca da felicidade de cada Ser Humano.
A muito já se tem discutido que os valores (PIB) que, se considerados em uma sociedade pode apresentar resultados diversos em outras, e mais além, se comparados aos índices financeiros e globais. Estes fatores também podem divergir em situações históricas de cada um dos países e são bem mais suscetíveis a mudanças bruscas. Já o FIB, representa a capacidade de encontrar a felicidade pessoal independente de se ter ou não ter capacidade financeira.
São 9 os pilares nos quais os questionamentos que cada um dos entrevistados deve responder para se considerar feliz ou infeliz pelo FIB.
Como surgiu o conceito do FIB?
O conceito de FIB – Felicidade Interna Bruta - foi lançado no Butão em 1986, quando o jovem rei Sigme Wangchuck estava sendo questionado por um jornalista sobre o baixo PIB do seu país. O rei então espontaneamente respondeu, “A Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto”. E desde aquela época, o FIB se tornou a métrica para planejar o desenvolvimento econômico do Butão. Nos últimos anos esse conceito tem se tornado cada vez mais atraente num mundo preocupado com o aquecimento global e com os altos níveis de estresse e doenças psicossomáticas. Nossa contínua devoção ao crescimento econômico a qualquer custo, em vez de melhorar nossas vidas, está gerando desigualdade e insegurança. Recentes pesquisas revelaram que o mero crescimento econômico não está nos tornando mais felizes. Nos EUA, onde o PIB triplicou desde os anos 1950, o nível de felicidade na verdade declinou. No Japão a renda per capita quadruplicou entre 1958 e 1986, sem que houvesse qualquer aumento na felicidade. Em um número cada vez maior de países, as taxas de alcoolismo, suicídio e depressão têm crescido dramaticamente, mesmo quando seus cidadãos continuam acumulando cada vez mais coisas.
O que o conceito leva em conta?
As pessoas através do mundo estão se interessando por novos índices para medir o progresso, e os butaneses parecem estar na dianteira. Eles incluíram no seu sistema de mensuração do progresso não apenas o desenvolvimento econômico, não apenas o nível de escolaridade e estado de saúde, mas também a satisfação não material, que tem se provado mais poderosa para a felicidade do indivíduo do que o ganho material. As nove dimensões da Felicidade Interna Bruta são: bom padrão econômico de vida, boa governança, educação de qualidade, boa saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gerenciamento equilibrado do tempo e bem-estar psicológico.
A ONU está interessada no indicador?
Essa inovadora e compreensiva abordagem do FIB tem mobilizado o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - no sentido de financiar sua contínua elaboração no Butão. Como o diretor do PNUD para aquele país, Bakhodir Burkhanov, me disse, “uma vez que as Metas de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas quanto à saúde, educação, proteção ambiental etc., sejam atendidas em um determinado número países na data limite de 2015, necessitaremos de um novo conceito para ser discutido. O FIB pode ser a versão futura das Metas de Desenvolvimento do Milênio – considerando o bem-estar psicológico e a manutenção do equilíbrio da vida. Essas são coisas que serão mais importantes na próxima década”.
O que o Butão tem que impressiona?
Denominado “Campeão da Terra” pelas Nações Unidas no ano de 2007, ano em que foi registrado que 74% do seu território possui proteção ambiental, 90% das suas crianças estão na escola – recebendo educação grátis, cuja alta qualidade é garantida pelo fato de que as professoras fazem um rodízio entre as zonas urbanas e rurais. Todas as pessoas têm acesso à assistência médica, mesmo nos mais remotos vilarejos. O nível de corrupção governamental é extraordinariamente baixo.
Mas o FIB desvaloriza o progresso material?
O conceito de Felicidade Interna Bruta não implica em negar o progresso material, em adotar uma espartana rejeição do mundo físico. Pelo contrário,representa um harmonioso equilíbrio entre as fontes materiais e sutis de satisfação – uma confortável vida exterior combinada com amorosos relacionamentos e paz interior. Um modelo para o mundo refletir profundamente a respeito, e emular.
Fonte http://repique.blog.terra.com.br/