Já viu cenário mais feio
que a canalização de um córrego ou rio? Pode-se vir com vários argumentos me
dizendo que a canalização só trará benefícios refutarei
todos.
Não existe nenhum beneficio
em se canalizar. A canalização nada mais é do que uma forma rápida e fácil
de se livrar de um problema. Ilude-se a população com a
falsa ideia de que o rio é o problema e a solução esta em corrigir
o seu curso e cimentar suas laterais.
Em alguns casos tampa-se o
“problema” e constrói-se uma praça em cima. Até quando veremos um violento crime
desse contra a natureza e contra a qualidade de vida da população da cidade,
que na maioria das vezes assiste ao fato passiva e enganada?
Alguns países da Europa já
perceberam o erro causado e estão renaturalizando seus rios, voltando para a
forma original dos mesmos.
Por que então devemos
passar pelo mesmo processo? Primeiro canalização e depois se volta tudo atrás
com a renaturalização? Já não seria hora de pegarmos as boas ideias
de países muitos mais antigos e que já sentiram na pele a
bobeira que cometeram. Hora de pensar.
Abaixo posto um interessante
texto escrito por uma estudante da UFMG. Vale a pena ler.
PRESERVAR,
CONSERVAR, RENATURALIZAR
Especialista alemão mostra
que é possível recuperar rios e córregos impactados. A ocupação das terras
pelo homem sempre foi norteada pela presença dos rios e córregos. A água
que eles forneceram foi indispensável neste processo, já que oferecia
transporte, energia, abastecimento e irrigação para a organização dos agrupamentos
humanos. No entanto, o crescimento “desordenado ” fez com que,
mais tarde, os rios se
tornassem entraves à constante necessidade de avanço territorial.
Durante muito tempo, a
estratégia adotada pelas engenharias hidráulica e fluvial consistia
em regularizar
o curso de rios e córregos para que seu trajeto se tornasse o mais curto possível.
Estas modificações eram feitas para ganhar novas terras e diminuir os efeitos
locais das
cheias. A realização destas obras causou impactos ambientais não
considerados no planejamento.
Rompeu-se a interação
natural entre rio e baixada e isso ocasionou grande empobrecimento
do
ecossistema. A variedade de vida animal e vegetal foi reduzida e as cheias hoje
causam prejuízos cada vez maiores. A velocidade da corrente aumenta,
causando erosão e assoreamento, o que exige obras complexas para manter o
rio retificado.
Além disso, os rios
retificados e canalizados têm seu processo de renovação natural muito prejudicado.
Atualmente, existe uma consciência muito maior do homem na sua relação com o
meio-ambiente.
Diante dos impactos
causados por séculos de ocupação “desordenada” e do risco de esgotamento
de alguns recursos naturais, surgem novas alternativas para um
desenvolvimento que
considere as alterações ambientais. É nesse contexto que aparecem
estratégias
dirigidas à renaturalização de rios e córregos. O consultor alemão Walter Binder, do Departamento Estadual de Recursos Hídricos da
Baviera,
apresenta essas
possibilidades em seu estudo.
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Seul antes e depois |
O desafio é recuperar os
cursos d’ água que sofreram modificações profundas
sem colocar em risco as
zonas urbanas e vias de transporte, e sem causar desvantagem para a
população. Para isso, os engenheiros envolvidos devem elaborar um plano
que leve em conta as particularidades de cada caso, e que se articule aos
demais planos territoriais e programas regionais.
Na Alemanha, por exemplo, o
plano de renaturalização de rios foi implantado
considerando
os planejamentos de urbanização e paisagismo, os programas
de proteção do
ecossistema e o plano diretor de agricultura existente.
Também deve ocorrer, desde
o início, a participação efetiva das pessoas envolvidas.
Associações de
pescadores ou de agricultores das baixadas afetadas, por exemplo, precisam
ser informadas e consultadas antes que as modificações sejam realizadas.
É indispensável obter a
compreensão e a aceitação da população ribeirinha. A elaboração de um
plano como este exige profissionais que tenham conhecimento dos novos
conceitos de engenharia hidráulica e planejamento territorial. Só assim é
possível
implantar corretamente todas as etapas de renaturalização.
Em zonas
urbanas, torna-se mais difícil a recuperação dos rios. É nas cidades
que eles
sofrem as alterações mais profundas, havendo grande comprometimento
das relações
biológicas. Nestes casos as possibilidades de uma revalorização ecológica são
limitadas, mas existem, sim, formas de diminuir o impacto ambiental. Muitas
vezes, essas melhorias também favorecem as condições de vida da população
ribeirinha, como no caso da criação de parques municipais nas margens
recuperadas. Outra vantagem da renaturalização é a economia. De acordo com
Binder, os custos para manter a evolução natural do rio são pequenos em
comparação aos de obras hidráulicas tradicionais e
de manutenção.
Na Europa o interesse e a
expectativa da população quanto à renaturalização de rios e córregos são
imensos, mas a descrença dos proprietários das terras afetadas ainda persiste.
A conscientização de engenheiros hidráulicos foi um processo bastante demorado, mas hoje a
engenharia ambiental faz parte do currículo da formação de profissionais
ligados a recursos hídricos. Enquanto na Europa já começa a se estabelecer
esta consciência quanto à remoção de canais, os rios brasileiros
passam por uma intensa canalização. No Brasil, ainda existe
a crença de
que rio canalizado significa avanço, progresso.
De acordo com Edézio
Teixeira de Carvalho, geólogo, outro fator que caracteriza os rios europeus
é que eles chegaram a um ponto de poluição que programas como os de renaturalização
tornaram-se urgentes. Ele não tem conhecimento de nenhum rio ou
córrego brasileiro que
tenha passado por esse processo, mas acredita que num futuro
próximo isso
poderá acontecer. “O Brasil tem o costume de copiar bons exemplos com 30
anos de atraso”, diz ele, “acredito que estas medidas de renaturalização podem
ser adotadas,
sim, em nosso país.”
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RENATURALIZAÇÃO JÁ
A tendência mundial
contra os alagamentos, recuperação da fauna aquática, da mata ciliar, da
qualidade das águas, paisagem e melhoria da vida da população ribeirinha é
RENATURALIZAR os nossos rios e córregos urbanos
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Flávia
Mantovani (Estudante de Comunicação Social da UFMG).
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